O espaço se fez abundante, ainda que não pleno e
ideal, mas ali está, ao alcance da mão, todas as publicações de quadrinhos que
adquiri ao longo de mais de trinta anos de colecionismo. E as reminiscências
emergem a cada volume consultado – e por que não relê-los? Senão todos, os de
maior qualidade. Wolverine Extra nº 1 foi lançado em 1995 e traz a mítica e
icônica história que narra o momento em que Logan, o famigerado x-man das
garras de adamantium, tem este metal implantado em seu corpo. Em retrospecto,
considerado que apenas cinco anos depois a personagem seria adaptada para o
cinema, é automático imaginar como teria ficado tal narrativa levada à
película. Por certo que esta exige algum complemento ao passar para outra mídia,
mas seria um filme mais positivamente impactante que X-Men Origens Wolverine é.
Imagino o elenco – a Bill Nighy caberia interpretar o Prof. Hudson, enquanto
Paul Giamatti seria o Dr. Cornéluis; a secretaria Carol Hines ficaria por conta
de Naomi Watts, uma atriz em alta no início da década passada. Logan, claro,
ficaria com Hugh Jackman, uma escolha perfeita para a personagem.
Recentemente
tratei de listar esta história dentre as HQs que levaria para uma ilha deserta,
e equivocadamente apontei que esta contém poucos balões – na realidade é Logan
quem emite apenas ruídos por toda a narrativa. Justificável, já que passa por
um processo doloroso que exige sedação contínua. Interessante nesta HQ é que
ela conta com uma entrevista com Barry Windsor-Smith, seu criador – ali se
revela que não tinha ideia da importância do que estava fazendo, tampouco da
mítica da personagem. Este fato, cogito, garantiu a qualidade da obra como um
todo – obviamente, a falecida Editora Abril, àquela época, não considerou a
importância a tanto que pudesse contemplar o material com um tratamento gráfico
diferenciado. Tem-se, portanto, o formatinho; o que não é de todo ruim, se se
justifica a necessidade de popularizar o produto. Contudo, sem adentrar os
tortuosos caminhos das decisões editoriais, a edição é das minhas preferidas –
Barry Windsor-Smith é dos meus artistas favoritos, desde os tempos em que
desenhava a Espada Selvagem de Conan, e sua arte aqui alcançara uma excelência
de encher os olhos. O que se faria de Wolverine após esta história é reflexo de
tornar ordinário uma personagem acima da média. Aqui não havia origem, apenas
mistério e violência – a personagem evocava uma plateia que consumia não apenas
os comics de super-heróis coloridos tão comuns no mercado americano, mas
aqueles leitores que pediam uma classificação à margem do código de censura.
Mas, isto é a pré-história de Logan. Abraços.