domingo, 23 de junho de 2019

Apontamentos de uma Gibiteca - Wolverine Extra nº 1


O espaço se fez abundante, ainda que não pleno e ideal, mas ali está, ao alcance da mão, todas as publicações de quadrinhos que adquiri ao longo de mais de trinta anos de colecionismo. E as reminiscências emergem a cada volume consultado – e por que não relê-los? Senão todos, os de maior qualidade. Wolverine Extra nº 1 foi lançado em 1995 e traz a mítica e icônica história que narra o momento em que Logan, o famigerado x-man das garras de adamantium, tem este metal implantado em seu corpo. Em retrospecto, considerado que apenas cinco anos depois a personagem seria adaptada para o cinema, é automático imaginar como teria ficado tal narrativa levada à película. Por certo que esta exige algum complemento ao passar para outra mídia, mas seria um filme mais positivamente impactante que X-Men Origens Wolverine é. Imagino o elenco – a Bill Nighy caberia interpretar o Prof. Hudson, enquanto Paul Giamatti seria o Dr. Cornéluis; a secretaria Carol Hines ficaria por conta de Naomi Watts, uma atriz em alta no início da década passada. Logan, claro, ficaria com Hugh Jackman, uma escolha perfeita para a personagem.




Recentemente tratei de listar esta história dentre as HQs que levaria para uma ilha deserta, e equivocadamente apontei que esta contém poucos balões – na realidade é Logan quem emite apenas ruídos por toda a narrativa. Justificável, já que passa por um processo doloroso que exige sedação contínua. Interessante nesta HQ é que ela conta com uma entrevista com Barry Windsor-Smith, seu criador – ali se revela que não tinha ideia da importância do que estava fazendo, tampouco da mítica da personagem. Este fato, cogito, garantiu a qualidade da obra como um todo – obviamente, a falecida Editora Abril, àquela época, não considerou a importância a tanto que pudesse contemplar o material com um tratamento gráfico diferenciado. Tem-se, portanto, o formatinho; o que não é de todo ruim, se se justifica a necessidade de popularizar o produto. Contudo, sem adentrar os tortuosos caminhos das decisões editoriais, a edição é das minhas preferidas – Barry Windsor-Smith é dos meus artistas favoritos, desde os tempos em que desenhava a Espada Selvagem de Conan, e sua arte aqui alcançara uma excelência de encher os olhos. O que se faria de Wolverine após esta história é reflexo de tornar ordinário uma personagem acima da média. Aqui não havia origem, apenas mistério e violência – a personagem evocava uma plateia que consumia não apenas os comics de super-heróis coloridos tão comuns no mercado americano, mas aqueles leitores que pediam uma classificação à margem do código de censura. Mas, isto é a pré-história de Logan. Abraços.