sábado, 27 de junho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
Chamada de Elenco - Liga da Justiça
E a pandemia de nossos dias subverteu o mundo - alguém de
intenções meramente mercadológicas ouviu a patética petição de alguns pacóvios,
fãs de Zack Snyder mas não da Liga da Justiça por certo, por uma versão do
diretor original do filme da principal equipe do universo DC, a qual não pode
finalizar por questões de ordem pessoal - o suicídio da filha. Lamentavelmente,
Snyder não parece saber que escolhas implicam em perdas, e ao escolher o luto,
perdeu seu filme; reprovável? Jamais! Uma vida humana é maior que qualquer
trabalho ou manifestação artística - no entanto, sem a filha e o filme, clamou
por dar sua versão da obra que havia concebido desde o berço; afirmei a um
colega nerd que em sua mente, o diretor atou a perda da filha ao filme
inacabado, e que mais do que ofertar-lhe essa oportunidade, dada a constância
com que manifestava-se nas redes sociais acerca deste, era recomendável que
procurasse ajuda profissional. Contudo, cá estamos em meio a uma situação de
caos global, drama cujo fim não se antevê, e para piorar a situação, ao invés
de algum abnegado conduzir Zack Snyder ao psicanalista, deram-lhe algo em torno
de U$ 30 milhões para, enfim, por um fim a sua (distorcida) visão da Liga da
Justiça. Nem um, tampouco dois, foram os críticos de cinema que já apontaram
que a iniciativa, ainda que inédita, não levará a um filme bom - há um ditado
que diz que o que começa errado, não há por findar-se certo. Correto? Bem, é o
dito que o diretor quer provar-se capaz de contradizer. Somente para prolongar
um pouco este parêntese: quando Richard Donner e os irmãos Salkind, diretor e
produtores dos filmes clássicos do Superman respectivamente, se desentenderam
culminando na saída do primeiro, que não assinou a sequência do filme de 1978,
este se encontrava, segundo fontes da época, 75% rodado, cabendo a seu
assistente, Richard Lester o corte final - é considerado, até hoje, superior ao
filme que lhe deu origem. Apesar de fatores outros, ao que parece o material
cru de Snyder não prestou para um filme que se espere como tal. Mas a presente
postagem não se propõe tratar do snydercut, mas do filme que a Liga da Justiça
de fato merece. Para tanto, assim como em registros anteriores, um elenco de
astros e estrelas foram escolhidos para dar vida a formação paradigmática da
Liga - Superman, Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Aquaman, Flash e
Caçador de Marte. Embora o que se viu em tela justifique a presença do Ciborgue
no desastroso filme, está claro que a decisão de encarná-lo aí apenas acentuou
as comparações com o Homem de Ferro, demonstrando que ou os produtores, ou o
diretor, ou ambos, estão equivocados quanto a visão que possuem do produto que
têm em mãos - aliás, é uma personagem que carece de um preâmbulo dramático
convincente para torná-lo único, evitando o paralelo, e lhe outorgando
credibilidade para existir como tal; um filme da Liga não é para ele. E qual
seria o argumento para justificar a reunião desses super-heróis? Qualquer um
que não contemplasse Darkseid, tampouco os Novos Deuses; pela judiciosa mesma
razão apontada levando-se em conta o Ciborgue. Embora sendo cerca de três anos
mais velho, o antagonista criado por Jack Kirby viu-se eclipsado recentemente,
ao menos no cinema, por aquela que é considerada, em parte, sua contraparte na
Marvel, Thanos. Novamente, porque a DC atuaria com vistas ao cotejamento
público? Não faz sentido imitar ipsis litteris a concorrência; e, contudo, fora
a conduta adotada. Até mesmo Starro, melhor trabalhado conceitualmente faria
mais sentido em ser o grande oponente do filme - imagine-se uma invasão
alienígena com bilhões de estrelas-do-mar fixadas na face de cada humano da
Terra. Um roteiro bem trabalhador e habilmente dirigido por um diretor
competente emprestaria ao vilão o aspecto de horror cósmico lovecraftiano, que
daria ao filme a feição de uma ficção-científica horripilante misturada a
aventura épica dos super-heróis, algo diverso do visto no primeiro filme dos
Vingadores, apenas para citar o mais ilustrativo dos exemplos. É apenas uma
ideia, de tal conta que foquemos nas personagens principais, deixando os
coadjuvantes para o que pedir a trama - e aqui vai da imaginação de cada um.
O último filho de Krypton pode
ter subtraído a Cavill a fama de ator azarado, sempre emprenhado em testes que
jamais resultaram em trabalho de fato, todavia seu Superman está longe de ser
um primor como o de Christopher Reeve. A bem da verdade, a comparação não é
justa, e se o falecido ator estadunidense tornou-se a encarnação definitiva da
personagem, contou não apenas com um talento colossal - infelizmente pouco
explorado posteriormente -, mas também com fatores outros, muito mais
favoráveis a explosão criativa de Superman (1978), que o constrangimento
obscuro e pessimista de Homem de Aço (2013). Sua persona esteticamente
favorável é já uma vantagem em vista de alguns interpretes anteriores, tais
como Dean Cain (o Superman havaiano) e Brandon Routh (uma cópia anódica e
patética do Superman de Christopher Reeve). Cabe-lhe como ator, no entanto, dar
vida ao que está no roteiro, e aí se encontrou seu principal entrave em todas
as ocasiões sob a capa vermelha. Respeitado o éthos do Superman, Cavill tende a
brilhar e a fazer história como a melhor encarnação do herói, depois de Christopher
Reeve, é claro. Num filme da Liga da Justiça, sua liderança natural seria posta
à prova apenas diante do Batman de Armie Hammer, individualista e rebelde por
natureza - um certo nível de tensão seria esperado, mas nada que resultasse em
sopapos cuja resolução adviesse da evocação dos nomes das mães de ambos.
Mulher Maravilha - Gal
Gadot
Lynda Carter estaria se revirando
no túmulo, caso estivesse morta - mas, para a sorte de quem a viu encarnando a
heroína do laço mágico, está muito bem viva, e dando todo apoio a Gal Gadot em
sua encarnação da amazona da Ilha Paraíso. Quando a magricela miss Israel foi
confirmada no papel da corpulenta guerreira grega, não poucos reprovaram - mas,
vá lá a magia do cinema conduz a uma suspensão da descrença e, apesar de toda a
preparação física, ainda está longe de uma Gracyanne Barbosa. Mas quem se
importa? Seu carisma é estupendo, e a diretora Patty Jenkins lhe favorece neste
quesito, tanto quanto em sua beleza que fotografa muito bem. Desfigurada por
Snyder e seus continuadores, aqui a Mulher Maravilha encarnaria de modo mais
coerente o vértice da relação estabelecida entre a luz do Superman, e a sombra
do Batman; além de ser uma figura mais humana e mais a disposição dos demais
membros da Liga.
Batman - Armie Hammer
Paranóide, frio, calculista,
individualista, disciplinado ao extremo, cerebral, e com ações cirúrgicas -
assim descrevi o Batman a ser encarnando por Armie Hammer em seu próprio filme.
Aqui não seria diferente. Mas, antes que contar com sonhos proféticos, o Batman
antevê a crise simplesmente porque sua personalidade detetivesca o põe alguns
passos adiante, sempre. Por seu modo de ser, construir alianças é já um grande
desafio, e estar cercado de indivíduos dotados de superpoderes o faz ainda mais
paranoico e alerta - seria mais crível vê-lo atuando como a mente por trás das
ações da Liga da Justiça, num papel de aparente coadjuvante, sendo chamado ao
campo de batalha nos instantes antecedentes a derrota de seus companheiros,
para liquidar a fatura com a elegância que lhe é própria. Seria uma grande cena
aliás, seja em que contexto for.
Caçador de Marte - Philip
Winchester
Philip Winchester tem traços
fisionômicos fortes e com as devidas próteses e maquiagem adequada poderia ser
um grande J'onn J'onzz - imagino que esta personagem poderia estabelecer as
bases para o roteiro, assim como feito nos episódios iniciais da série de
desenhos da Liga da Justiça, que por aqui estrearam em 2002, e que daria origem
a série Liga da Justiça Sem Limites. Talvez J'onn viesse a ser um fugitivo de
um Marte devastado pela ação de Starro, que diante da dificuldade por dobrar
aos marcianos com seus poderes mentais, dizimou o planeta. Bem, é uma ideia que
adapta uma série de outras das HQs e das animações. O Caçador de Marte e a invasão
de Starro, bem como a presença, até então incógnita do Lanterna Verde, poderiam
ser os primórdios para a ampliação do universo DC nos cinemas em direção a uma
vertente cósmica, introduzindo outras espécies e civilizações alienígenas. As
possibilidades são muitas.
Lanterna Verde - Scott
Eastwood
Ryan Reynolds foi bem-intencionado,
esforçado, mas se tornou em definitivo o Deadpool; não que esta personagem
criada pelo farsante Rob Liefeld seja a quintessência do sublime, mas casou a
perfeição com a personalidade do ator - para ele, nenhum esforço para
interpretá-lo, portanto. Mas seu Lanterna Verde tornou-se o modelo de como não
fazer um filme de super-herói, e o próprio Reynolds já fez troça disto,
inclusive em Deadpool 2. Em Liga da Justiça, Scott Eastwood vem dar vida a Hal
Jordan, uma personalidade sínica, rebelde e simultaneamente audaz e destemida.
Assim como o Caçador de Marte e Aquaman ele tem se mantido incógnito desde que
passou de piloto a integrante da tropa dos Lanternas Verdes. Mas a ameaça que
se abaterá sobre a Terra o desafiará para além de suas habilidades
recém-adquiridas, pondo a prova sua capacidade de lidar com o medo mais
profundo de sua alma - seu seguimento aqui prenuncia um filme solo, já que
Eastwood parece capacitado a desenvolver um bom Lanterna Verde, elevando-o a
outro nível de popularidade.
Aquaman - Alexander
Skarsgard
Desculpem os fãs de Jason Momoa,
mas na minha escala pessoal de interpretação, ele está apenas um cadinho acima
de Vin Diesel, e este logo acima de um cogumelo silvestre. Ou seja, apesar de
contar com algum carisma, não é senão uma presença magnética, fanfarrona e
esquecível. E ainda que de ascendência havaiana, cuja cultura oriunda dos povos
do Pacífico respeito e admiro, ele tem uma persona que se adéqua melhor ao
Lobo, numa possível futura sequência. Meu Aquaman é Alexander Skarsgard, que me
surpreendeu em Tarzan, tanto pela caracterização quanto pela interpretação
vulcânica contida; além, é claro, de haver emprestado uma certa majestade ao
rei da selva. É parte dessa interpretação que ele pode desenvolver para dar
vida ao rei atlante, revelando-se ao mundo como um aliado valoroso na demanda
que une os maiores heróis da Terra.
Flash - Bella Heathcote
Bem, aqui entramos no lodaçal da
polêmica - vejo a Liga da Justiça como um panteão de deuses, muito diferentes
em concepção e desenvolvimento aos heróis da Marvel. Por conta disto sempre, -
ao menos desde os tempos dos Superamigos - incomodou o fato de apenas a Mulher
Maravilha figurar entre os grandes. Guerreira amazona criada para o combate,
originada de uma cultura matriarcal, a filha de Hipólita poderia ser o
contraponto a uma mulher criada na cultura ocidental, patriarcal, ambas
perfazendo uma dinâmica interessante e inspiradora de boas histórias. Mas não
há ninguém a vista que integre o primeiro time. Por isso o Flash, em minha
opinião, pode assumir este papel de acrescer maior feminilidade a Liga da
Justiça, e contraponto a Mulher Maravilha, além de um alívio cômico na
interação com o Lanterna Verde. Candidatas ao posto? Desde Iris West a Carrie
Allen, mas eu preferiria Mary Maxwell. Quem? A Flash criada por Stan Lee quando
ele reimaginou parte do Universo DC. Não é uma série primorosa ou indelével na
memória, mas esta personagem me marcou, tanto pela ousadia da proposta quanto
pela execução das artes pelo mestre Kevin Maguire. Quem precisa de um Ezra Miller
pagando de Flash covarde novamente? Se algo o Mercúrio de X-Men ensinou é que
supervelocidade carece de audácia e destemor. Bella Heathcote, penso, poderia fazer
uma Flash interessante.
quinta-feira, 11 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
Assinar:
Postagens (Atom)