sábado, 22 de dezembro de 2018

Até breve, Folclore Brasileiro!

Em 16 de março deste ano postei neste blog e no Facebook o primeiro desenho de uma série folclórica, explorando as ricas lendas existentes em território nacional. Na escola, e através dos meios midiáticos, o folclore brasileiro é pouco explorado, não sendo conhecido senão cerca de uma dúzia de seus seres e contos, um conhecimento parco e que invariavelmente assim permanece por toda a vida do brasileiro. Caso alguns poucos indivíduos tenham desperto sua curiosidade para o assunto, deparar-se-ão, forçosamente, com a figura de Luís da Câmara Cascudo, acima de quaisquer títulos, um folclorista por excelência. Monteiro Lobato e seu Sítio do Pica-pau Amarelo é outra referência inescapável. Confesso que tive pouco contato direto com ambos, mas muito contato indireto, bissexto mesmo. Até, ao menos, março último, quando forcei-me a cobrir esta lacuna de conhecimento com uma pesquisa, de certo modo superficial, do folclore brasileiro. Claro, um país das dimensões do Brasil não poderia contar com um folclore pobre, com poucos seres fantásticos e causos legendários - descobri tantas tribos indígenas que a lista parece sempre incompleta (sim, fiz uma lista de tribos indígenas brasileiras); encontrei criaturas as mais absurdas, que quase sempre foram um desafio a representação gráfica; fui fustigado por histórias escabrosas de vilezas, assassínios e maldições, pela interpretação fantasiosa e supersticiosa da natureza humana, da natureza do mundo e das leis que o regem. Mas, enfim, cheguei a centésima ilustração dentre tantas personagens do folclore, e dei-me por satisfeito, senão plenamente cansado - os derradeiros dez desenhos tornaram-se um obstáculo a vontade de alcançar o marco final. Na lista atual que confeccionei há pelos menos outras trinta figuras e causos que merecem uma ilustração. Porém, estou certo que se prosseguir, encontrarei mais trinta, ou mais cinquenta, e o trabalho jamais encontrará fim - acaso vá diretamente as fontes principais (Luís Câmara Cascudo, pra citar o mais destacado exemplo) estarei comprometido por muito tempo, e há outros trabalhos para realizar, que por si só tomar-me-ão todo o tempo disponível. Assim, despeço-me momentaneamente do folclore brasileiro e suas figuras fascinantes. No futuro, talvez volte a ele. Abraços a todos.

Maria Sabão

No século XVII, fora uma escrava que a mando de seu sinhozinho fazia sabão com a gordura das crianças que este matava. Tornou-se uma assombração, uma espécie de bicho-papão evocada contra crianças arteiras e que teimam em não obedecer a seus pais.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Princesa Laura

A ilha paraense de Colares foi palco de um fenômeno ufológico na década de 1970, que gerou uma operação militar intitulada Operação Prato. Contudo, antes que os discos voadores assombrassem os céus e os moradores daquela região, a ilha possuía suas histórias, causos e folclore. Conta-se que no canal que separa a ilha do continente - chamado Furo de Laura - houve um país encantado, e ali, na Praia do Sol em Colares, é possível ver em certos dias uma princesa coroada, completamente nua, bronzeando-se. Diante da aproximação de embarcações ou banhistas, ela se atira para dentro do canal que leva o seu nome, desaparecendo por completo.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Mulher de Sete Metros

Aparição comum do interior de Minas Gerais até a divisa com Goiás, esta figura surge nas noites, e possui diversas versões. Conta-se que seria o Espírito de uma sinhazinha que fora condenada a vagar pelas madrugadas, castigo decorrente das crueldades que cometeu em vida contra seus escravos. Em outra versão, que não lhe conta a origem, afirma-se que ela aparece para assombrar os transeuntes, quebrar as luminárias dos postes e fazer tinir o sino das igrejas.


Encourado

Vampiro nordestino, caminha de vila em vila, de cidade em cidade, sempre em busca de sangue. Veste-se todo de couro, fede a sangue, e alimenta-se preferencialmente de crianças de colo. Costuma-se, para aplacar a fome do vampiro, que os bandidos das cidades sejam deixados ao relento de noite como oferenda ao morto-vivo. O Encourado não adentra local em que não tenha sido convidado, e praticamente não pode ser detido.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Kilaino

Duende matogrossense que habita as matas e os morros, podendo assumir formas de animais, alimentando-se de ratos e aves; não aprecia a intromissão humana em seus territórios, costumeiramente afanando os objetos de viajantes e mateiros. Pode levar aos exploradores a se perderem nas matas, assombrando-os com seus gritos horripilantes. Para escapar de um Kilaino basta atravessar um rio, regato ou veio d'água, já que o duende não é capaz de fazê-lo.


Bruxa Nicácia

A sétima filha de um casal, ao atingir a idade de sete anos, na primeira quaresma seguinte, torna-se uma borboleta demoníaca, que à noite invade as casas e suga o sangue de crianças recém-nascidas. Após a quaresma retoma sua natureza humana. Na velhice, Nicácia tornou-se uma bruxa, vivendo distante da civilização, tendo por companhia uma coruja com face humana, e seus filhos monstruosos, concebidos nas noites em que se deita com o Diabo.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A Velha de Chapéu

A encarnação da própria morte no sertão nordestino. É uma brisa tépida, um odor fétido, uma sensação agourenta, um gemido na escuridão do árido - a morte vem na forma de uma velha que flana pelo ar, apoiada em sua foice, com um chapéu de couro.


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dom Sebastião

Rei português que desapareceu em batalha no Marrocos, em 1578, na infrutífera tentativa de converter os mouros em cristãos, é alvo de inúmeras lendas, tanto em sua terra natal quanto aqui no Brasil. Conta-se que o soberano surge em noites de lua-cheia, nas praias de São Luís do Maranhão, sob a forma de um touro com uma estrela dourada na testa. Quem conseguir atingir a estrela ferirá o animal que deixará de ser encantado, retomando a forma de Dom Sebastião; ainda, a cidade de São Luís será tragada pelo mar, surgindo em seu lugar uma cidade encantada repleta de tesouros.