quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Mãozinha Preta

Mais afamada no passado da região sudeste do Brasil, a Mãozinha Preta é outro dos muitos membros humanos desprovidos de um corpo que estão presentes no folclore. Também chamada de Mãozinha da Justiça, esta figura costuma atacar a tapas, beliscões e enforcamentos seus algozes, geralmente homens vis que tiram proveito a boa fé do povo. Por ser negra, era muito popular entre os escravos, invulgarmente poupados do ataque da criatura.


terça-feira, 30 de outubro de 2018

Gigante de Pedra da Guanabara

Cri que o maior gigante do folclore brasileiro fosse o Pai do Mato, mas ele perde, e muito, do Gigante de Pedra da Guanabara. A partir da Baía da Guanabara, o observador pode divisar ao horizonte a silhueta indistinta de um homem deitado. Eis o gigante. Esta formação rochosa cobre sete bairros da capital carioca, e possui 18 quilômetros de comprimento; em pé, os teria em altura. Conta-se que fora, há muitos milhares de anos, um gigante que protegia a baía, até que matou uma índia e fora amaldiçoado por Deus a ser de pedra e dormir para sempre. Eventualmente acorda e sai para passear; para que não seja visto, evoca as forças do clima que cobrem a cidade de forte cerração.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Sanguanel

Raptor de crianças que habita o sul do Brasil, o Sanguanel é uma espécie de duende vermelho, diminuto e brincalhão. Costuma sequestrar crianças pequenas e as esconder nas copas das arvores, ou em touceiras e espinheiros. As alimenta com mel e água que traz numa folha, mantendo-as em sonolência constante. Quando encontradas, as crianças pouco se recordam além da figura vermelha do Sanguanel. O duende não lhes faz mal algum, pois mesmo apraz o jogo de esconder. Quando lida com adultos, o que é raro, é visto caçoando de bêbados e preguiçosos.


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Maria-não-se-pode

Assombração oriunda do Piauí, é mulher de fartos atributos, trajada de vestes brancas ou vermelhas, que nas madrugadas atrai a atenção de todo homem que transita pelas ruas de Teresina, por sua incomum beleza. Ao se aproximar da mulher, o incauto ouvia apenas uma resposta a qualquer de suas perguntas - 'não se pode'. Após insistir nos galanteios, os pobres viam-se diante de uma giganta, que ia crescendo mais e mais, perseguindo-os às gargalhadas. Conta-se que era comum aceitar cigarros, que acendia nas lamparinas dos postes.


terça-feira, 23 de outubro de 2018

Motucu

Criatura maligna e misteriosa dos índios que habitam o Rio Negro. Considerado um demônio, o Motucu, dizem, por onde passa incendeia a floresta, deixando pra trás não mais que rochas incineradas e solo calcinado. Tem os pés voltados para trás, assim como o Curupira.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Pedro Malazartes

O Cancioneiro da Vaticana é uma coletânea medieval contendo 1200 cantigas trovadorescas escritos em galaico-português, datado do século XV; lá se encontra a primeira menção a Pedro Malazartes. Essa figura folclórico está presente em grande parte da Península Ibérica e no Brasil. Encarna o trapaceiro astucioso, cínico, invencível, repleto de experiências, inventividades, sem escrúpulos ou culpa. Casou a perfeição com o que se compreende pelo termo "jeitinho brasileiro", caráter nacional e personalidade de grandes figuras de nossa cultura, como Macunaíma e João Grilo. O próprio Pedro já foi infinitas vezes retratado por diversos autores.


quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Minhocão

Monstro que vive no Rio Cuiabá. Frequentemente se incomoda com o ruído dos pescadores e, além de virar embarcações, por se tratar de uma minhoca monstruosa cava as margens do rio, fazendo desmoronar as barrancas. Sua ação cria ondas enormes e faz alterar o curso do rio. Naufragar com esse bicho na água é morte certa.


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Boiuna

Ou Cobra Grande, ou Mãe do Rio, ou Senhora das Águas. Mito amazônico que descreve uma cobra gigantesca que vive nos rios da região. Seu tamanho descomunal a põe como um perigo para as embarcações e a população ribeirinha; pode assumir a forma de uma mulher, e eventualmente atrair náufragos e pescadores para o fundo do rio. É o pai da Cobra Norato.


sábado, 13 de outubro de 2018

Cobra Norato

Ou Cobra Honorato. Certa feita, o Boiuna engravidou uma índia, que deu a luz duas cobrinhas gêmeas. Foi buscar o conselho do pajé da tribo, que disse a ela para jogar as cobras no rio Tocantins. A cobra macho as gentes chamaram de Honorato, ou Norato, e era, apesar da aparência e tamanho, uma criatura bondosa e mansa; sua irmã, chamada Maria Caninana, todavia, era malévola, violenta a perigosa. Norato costumava visitar sua mãe - para isso, abandonava sua pele de cobra na margem do rio, tornando-se um jovem e belo rapaz. Caninana, jamais fora ver a mãe e sua maldade era tão grande que Honorato viu-se na condição de único ser capaz de detê-la; após um violento embate nas águas do rio, Maria Caninana sucumbiu. Desde então Norato passou a pedir que a pele de cobra que deixava nas margens do rio, tivesse uma ferida aberta e três gotas de leite derramado em sua boca, para abandonar em definitivo sua dupla natureza. Contudo, ninguém se atrevia a fazê-lo por medo, até que um militar amigo de Norato cumpriu-lhe o desejo. Diz-se que, livre de seu encanto, Norato viveu muitos anos em paz no Pará.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Cabeça Satânica

Ou Cabeça Errante, é uma assombração bastante assustadora do folclore nacional. Aparece nas noites mais escuras como uma cabeça flutuante, ou rolando e saltando pelo chão, nos sertões e agrestes do país. A cabeça pode ser a de um diabo chifrudo, ou de um caboclo enraivecido, e seu toque é perigoso, levando a vítima a apatia e morte em poucos dias. É sinal de agouros terríveis quando a cabeça para diante de uma casa, ou persegue um indivíduo em particular.


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Bode Negro

Obscuro personagem do folclore nacional, este ser tem contrapartes em diversas outras culturas. Afirma-se que é a personificação do próprio Diabo, quem vem dar ao solo do mundo de quando em quando, a fim de levar o maior número de almas possível para as profundidas. Conta-se que é visto quase sempre à noite, em campo aberto e nos terrenos das fazendas, com olhos de fogo fumegantes, e um característico odor de enxofre. Em outras ocasiões, aparece como um homem negro com cabeça de bode e pés fendidos. O Bode Negro costuma ficar imóvel, observando ao longe quem por ele passa; recomenda-se desviar o olhar, fazer o sinal da cruz e fugir.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Haja Pau

A história de um garoto indisciplinado que acaba castigado por desobedecer aos pais possui variantes em praticamente toda cultura mundial. Haja Pau fora um garoto que não dá ouvidos a mãe, e sai a cavalgar repetindo que não deixaria de fazer o que lhe desse à vontade 'nem que haja pau'; acaba por morrer ao cair do cavalo, com o pescoço fraturado. Renasce como uma ave horrenda e triste que canta no fundo da mata 'haja pau, haja pau, haja pau'. Outra versão segue de perto a maldade de Romãozinho, e enquanto a mãe agoniza sob as pancadas do pai, o garoto se ri a repetir 'haja pau, haja pau, haja pau'. Ele então sofre do castigo evocado pela mãe, tornando-se a tal ave monstruosa, que canta agourenta no fundo da mata 'haja pau, haja pau, haja pau.'


quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Flor do Mato

Inadvertidamente o Caipora é, por vezes, tido como a fêmea do Curupira, quando na realidade Caiporas e Curupiras são praticamente o mesmo ser. Todavia, o Curupira tem uma fêmea, a Flor do Mato, mais presente e conhecida na Paraíba. Embora proteja a fauna e flora das matas e florestas, costuma favorecer aos caçadores de subsistência, aos pobres que buscam a próxima refeição. É irritável e mais caprichosa que o Curupira, por isso os caçadores costumam apaziguá-la com presentes (especialmente fumo) que devem ser postos ao pé de certas árvores. Mas, cuidado: ela odeia pimenta.


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Cotaluna

E eis que a Iara não é a única sereia do folclore nacional. Cotaluna é criatura que vive no Rio Gramame, que fica em João Pessoa, PB. No verão é uma sereia que encanta, atrai e mutila banhistas. No inverno surge como mulher alvíssima, de longos cabelos negros, vista costumeiramente caminhando nua nas margens ou banhando-se próxima a estas, buscando atrair os passantes. Afirma-se que quem sobrevive a seu ataque volta sem memória e sem vontade, como se houvesse deixado sua alma com a sereia.