sábado, 22 de dezembro de 2018

Até breve, Folclore Brasileiro!

Em 16 de março deste ano postei neste blog e no Facebook o primeiro desenho de uma série folclórica, explorando as ricas lendas existentes em território nacional. Na escola, e através dos meios midiáticos, o folclore brasileiro é pouco explorado, não sendo conhecido senão cerca de uma dúzia de seus seres e contos, um conhecimento parco e que invariavelmente assim permanece por toda a vida do brasileiro. Caso alguns poucos indivíduos tenham desperto sua curiosidade para o assunto, deparar-se-ão, forçosamente, com a figura de Luís da Câmara Cascudo, acima de quaisquer títulos, um folclorista por excelência. Monteiro Lobato e seu Sítio do Pica-pau Amarelo é outra referência inescapável. Confesso que tive pouco contato direto com ambos, mas muito contato indireto, bissexto mesmo. Até, ao menos, março último, quando forcei-me a cobrir esta lacuna de conhecimento com uma pesquisa, de certo modo superficial, do folclore brasileiro. Claro, um país das dimensões do Brasil não poderia contar com um folclore pobre, com poucos seres fantásticos e causos legendários - descobri tantas tribos indígenas que a lista parece sempre incompleta (sim, fiz uma lista de tribos indígenas brasileiras); encontrei criaturas as mais absurdas, que quase sempre foram um desafio a representação gráfica; fui fustigado por histórias escabrosas de vilezas, assassínios e maldições, pela interpretação fantasiosa e supersticiosa da natureza humana, da natureza do mundo e das leis que o regem. Mas, enfim, cheguei a centésima ilustração dentre tantas personagens do folclore, e dei-me por satisfeito, senão plenamente cansado - os derradeiros dez desenhos tornaram-se um obstáculo a vontade de alcançar o marco final. Na lista atual que confeccionei há pelos menos outras trinta figuras e causos que merecem uma ilustração. Porém, estou certo que se prosseguir, encontrarei mais trinta, ou mais cinquenta, e o trabalho jamais encontrará fim - acaso vá diretamente as fontes principais (Luís Câmara Cascudo, pra citar o mais destacado exemplo) estarei comprometido por muito tempo, e há outros trabalhos para realizar, que por si só tomar-me-ão todo o tempo disponível. Assim, despeço-me momentaneamente do folclore brasileiro e suas figuras fascinantes. No futuro, talvez volte a ele. Abraços a todos.

Maria Sabão

No século XVII, fora uma escrava que a mando de seu sinhozinho fazia sabão com a gordura das crianças que este matava. Tornou-se uma assombração, uma espécie de bicho-papão evocada contra crianças arteiras e que teimam em não obedecer a seus pais.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Princesa Laura

A ilha paraense de Colares foi palco de um fenômeno ufológico na década de 1970, que gerou uma operação militar intitulada Operação Prato. Contudo, antes que os discos voadores assombrassem os céus e os moradores daquela região, a ilha possuía suas histórias, causos e folclore. Conta-se que no canal que separa a ilha do continente - chamado Furo de Laura - houve um país encantado, e ali, na Praia do Sol em Colares, é possível ver em certos dias uma princesa coroada, completamente nua, bronzeando-se. Diante da aproximação de embarcações ou banhistas, ela se atira para dentro do canal que leva o seu nome, desaparecendo por completo.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Mulher de Sete Metros

Aparição comum do interior de Minas Gerais até a divisa com Goiás, esta figura surge nas noites, e possui diversas versões. Conta-se que seria o Espírito de uma sinhazinha que fora condenada a vagar pelas madrugadas, castigo decorrente das crueldades que cometeu em vida contra seus escravos. Em outra versão, que não lhe conta a origem, afirma-se que ela aparece para assombrar os transeuntes, quebrar as luminárias dos postes e fazer tinir o sino das igrejas.


Encourado

Vampiro nordestino, caminha de vila em vila, de cidade em cidade, sempre em busca de sangue. Veste-se todo de couro, fede a sangue, e alimenta-se preferencialmente de crianças de colo. Costuma-se, para aplacar a fome do vampiro, que os bandidos das cidades sejam deixados ao relento de noite como oferenda ao morto-vivo. O Encourado não adentra local em que não tenha sido convidado, e praticamente não pode ser detido.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Kilaino

Duende matogrossense que habita as matas e os morros, podendo assumir formas de animais, alimentando-se de ratos e aves; não aprecia a intromissão humana em seus territórios, costumeiramente afanando os objetos de viajantes e mateiros. Pode levar aos exploradores a se perderem nas matas, assombrando-os com seus gritos horripilantes. Para escapar de um Kilaino basta atravessar um rio, regato ou veio d'água, já que o duende não é capaz de fazê-lo.


Bruxa Nicácia

A sétima filha de um casal, ao atingir a idade de sete anos, na primeira quaresma seguinte, torna-se uma borboleta demoníaca, que à noite invade as casas e suga o sangue de crianças recém-nascidas. Após a quaresma retoma sua natureza humana. Na velhice, Nicácia tornou-se uma bruxa, vivendo distante da civilização, tendo por companhia uma coruja com face humana, e seus filhos monstruosos, concebidos nas noites em que se deita com o Diabo.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A Velha de Chapéu

A encarnação da própria morte no sertão nordestino. É uma brisa tépida, um odor fétido, uma sensação agourenta, um gemido na escuridão do árido - a morte vem na forma de uma velha que flana pelo ar, apoiada em sua foice, com um chapéu de couro.


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dom Sebastião

Rei português que desapareceu em batalha no Marrocos, em 1578, na infrutífera tentativa de converter os mouros em cristãos, é alvo de inúmeras lendas, tanto em sua terra natal quanto aqui no Brasil. Conta-se que o soberano surge em noites de lua-cheia, nas praias de São Luís do Maranhão, sob a forma de um touro com uma estrela dourada na testa. Quem conseguir atingir a estrela ferirá o animal que deixará de ser encantado, retomando a forma de Dom Sebastião; ainda, a cidade de São Luís será tragada pelo mar, surgindo em seu lugar uma cidade encantada repleta de tesouros.


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Caruara

Duende amazônico semelhante ao bicho-pau; costuma aparecer em quintais e capoerias, e representa perigo para as mulheres menstruadas, por quem parecer ter especial implicância. Quando encontra uma, a flecha com suas setas cujo veneno causa sintomas semelhantes ao reumatismo. Por isso resguardam-se as mulheres nestes dias, a fim de não serem vítimas da criatura.


terça-feira, 27 de novembro de 2018

Teiniaguá

Ou Salamanca do Jarau. Lenda gaúcha que versa acerca de uma princesa moura que fora transportada para o Cerro do Jarau, em Uruguaiana, onde fora transformada em lagartixa. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Teiniagu%C3%A1)


sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Mão Pelada

Trata-se de um animal que espalha o medo nas matas de Minas Gerais. Assemelha-se a um lobo avermelhado, do tamanho de uma bezerro, cujos olhos fulguram com uma luminosidade azulada e incandescente - uma de suas patas dianteiras é disforme e desprovida de pelos, por isto o nome pelo qual é conhecido.


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Cavalo Branco

Cavalo branco que em noites enluaradas pasta nas margens do Valo Grande, em Iguape; todavia, não o faz senão porque está a procura de uma jovem virgem que arrasta para as profundezas das águas, para viver consigo. A cada nova lua cheia sai do valo em busca de novas moças para com ele partir. Nestas ocasiões, as mães impedem que suas filhas passem pelo local.


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Canhambora

Homem negro, reportado como possuindo uma dupla natureza, metade homem, metade cavalo. Diz-se que é defensor da natureza, possuindo a capacidade de ressuscitar animais que foram mortos por homens brancos, seus principais algozes, e a quem ataca. Afirma-se, ainda, que o Canhambora seria uma espécie de assombração, uma entidade que reuniria em si os espectros de muitos escravos, os que foram mortos com especial crueldade e vilania.


domingo, 4 de novembro de 2018

Menino Dourado

Mais um mito lacustre do Rio São Francisco, este ser surge em noites enluaradas, emergindo e mergulhando no rio, aos saltos, sobre as costas de um mágico peixe dourado. Este o teria salvo de afogamento, e o criado como a um filho a partir de então.


quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Mãozinha Preta

Mais afamada no passado da região sudeste do Brasil, a Mãozinha Preta é outro dos muitos membros humanos desprovidos de um corpo que estão presentes no folclore. Também chamada de Mãozinha da Justiça, esta figura costuma atacar a tapas, beliscões e enforcamentos seus algozes, geralmente homens vis que tiram proveito a boa fé do povo. Por ser negra, era muito popular entre os escravos, invulgarmente poupados do ataque da criatura.


terça-feira, 30 de outubro de 2018

Gigante de Pedra da Guanabara

Cri que o maior gigante do folclore brasileiro fosse o Pai do Mato, mas ele perde, e muito, do Gigante de Pedra da Guanabara. A partir da Baía da Guanabara, o observador pode divisar ao horizonte a silhueta indistinta de um homem deitado. Eis o gigante. Esta formação rochosa cobre sete bairros da capital carioca, e possui 18 quilômetros de comprimento; em pé, os teria em altura. Conta-se que fora, há muitos milhares de anos, um gigante que protegia a baía, até que matou uma índia e fora amaldiçoado por Deus a ser de pedra e dormir para sempre. Eventualmente acorda e sai para passear; para que não seja visto, evoca as forças do clima que cobrem a cidade de forte cerração.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Sanguanel

Raptor de crianças que habita o sul do Brasil, o Sanguanel é uma espécie de duende vermelho, diminuto e brincalhão. Costuma sequestrar crianças pequenas e as esconder nas copas das arvores, ou em touceiras e espinheiros. As alimenta com mel e água que traz numa folha, mantendo-as em sonolência constante. Quando encontradas, as crianças pouco se recordam além da figura vermelha do Sanguanel. O duende não lhes faz mal algum, pois mesmo apraz o jogo de esconder. Quando lida com adultos, o que é raro, é visto caçoando de bêbados e preguiçosos.


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Maria-não-se-pode

Assombração oriunda do Piauí, é mulher de fartos atributos, trajada de vestes brancas ou vermelhas, que nas madrugadas atrai a atenção de todo homem que transita pelas ruas de Teresina, por sua incomum beleza. Ao se aproximar da mulher, o incauto ouvia apenas uma resposta a qualquer de suas perguntas - 'não se pode'. Após insistir nos galanteios, os pobres viam-se diante de uma giganta, que ia crescendo mais e mais, perseguindo-os às gargalhadas. Conta-se que era comum aceitar cigarros, que acendia nas lamparinas dos postes.


terça-feira, 23 de outubro de 2018

Motucu

Criatura maligna e misteriosa dos índios que habitam o Rio Negro. Considerado um demônio, o Motucu, dizem, por onde passa incendeia a floresta, deixando pra trás não mais que rochas incineradas e solo calcinado. Tem os pés voltados para trás, assim como o Curupira.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Pedro Malazartes

O Cancioneiro da Vaticana é uma coletânea medieval contendo 1200 cantigas trovadorescas escritos em galaico-português, datado do século XV; lá se encontra a primeira menção a Pedro Malazartes. Essa figura folclórico está presente em grande parte da Península Ibérica e no Brasil. Encarna o trapaceiro astucioso, cínico, invencível, repleto de experiências, inventividades, sem escrúpulos ou culpa. Casou a perfeição com o que se compreende pelo termo "jeitinho brasileiro", caráter nacional e personalidade de grandes figuras de nossa cultura, como Macunaíma e João Grilo. O próprio Pedro já foi infinitas vezes retratado por diversos autores.


quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Minhocão

Monstro que vive no Rio Cuiabá. Frequentemente se incomoda com o ruído dos pescadores e, além de virar embarcações, por se tratar de uma minhoca monstruosa cava as margens do rio, fazendo desmoronar as barrancas. Sua ação cria ondas enormes e faz alterar o curso do rio. Naufragar com esse bicho na água é morte certa.


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Boiuna

Ou Cobra Grande, ou Mãe do Rio, ou Senhora das Águas. Mito amazônico que descreve uma cobra gigantesca que vive nos rios da região. Seu tamanho descomunal a põe como um perigo para as embarcações e a população ribeirinha; pode assumir a forma de uma mulher, e eventualmente atrair náufragos e pescadores para o fundo do rio. É o pai da Cobra Norato.


sábado, 13 de outubro de 2018

Cobra Norato

Ou Cobra Honorato. Certa feita, o Boiuna engravidou uma índia, que deu a luz duas cobrinhas gêmeas. Foi buscar o conselho do pajé da tribo, que disse a ela para jogar as cobras no rio Tocantins. A cobra macho as gentes chamaram de Honorato, ou Norato, e era, apesar da aparência e tamanho, uma criatura bondosa e mansa; sua irmã, chamada Maria Caninana, todavia, era malévola, violenta a perigosa. Norato costumava visitar sua mãe - para isso, abandonava sua pele de cobra na margem do rio, tornando-se um jovem e belo rapaz. Caninana, jamais fora ver a mãe e sua maldade era tão grande que Honorato viu-se na condição de único ser capaz de detê-la; após um violento embate nas águas do rio, Maria Caninana sucumbiu. Desde então Norato passou a pedir que a pele de cobra que deixava nas margens do rio, tivesse uma ferida aberta e três gotas de leite derramado em sua boca, para abandonar em definitivo sua dupla natureza. Contudo, ninguém se atrevia a fazê-lo por medo, até que um militar amigo de Norato cumpriu-lhe o desejo. Diz-se que, livre de seu encanto, Norato viveu muitos anos em paz no Pará.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Cabeça Satânica

Ou Cabeça Errante, é uma assombração bastante assustadora do folclore nacional. Aparece nas noites mais escuras como uma cabeça flutuante, ou rolando e saltando pelo chão, nos sertões e agrestes do país. A cabeça pode ser a de um diabo chifrudo, ou de um caboclo enraivecido, e seu toque é perigoso, levando a vítima a apatia e morte em poucos dias. É sinal de agouros terríveis quando a cabeça para diante de uma casa, ou persegue um indivíduo em particular.


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Bode Negro

Obscuro personagem do folclore nacional, este ser tem contrapartes em diversas outras culturas. Afirma-se que é a personificação do próprio Diabo, quem vem dar ao solo do mundo de quando em quando, a fim de levar o maior número de almas possível para as profundidas. Conta-se que é visto quase sempre à noite, em campo aberto e nos terrenos das fazendas, com olhos de fogo fumegantes, e um característico odor de enxofre. Em outras ocasiões, aparece como um homem negro com cabeça de bode e pés fendidos. O Bode Negro costuma ficar imóvel, observando ao longe quem por ele passa; recomenda-se desviar o olhar, fazer o sinal da cruz e fugir.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Haja Pau

A história de um garoto indisciplinado que acaba castigado por desobedecer aos pais possui variantes em praticamente toda cultura mundial. Haja Pau fora um garoto que não dá ouvidos a mãe, e sai a cavalgar repetindo que não deixaria de fazer o que lhe desse à vontade 'nem que haja pau'; acaba por morrer ao cair do cavalo, com o pescoço fraturado. Renasce como uma ave horrenda e triste que canta no fundo da mata 'haja pau, haja pau, haja pau'. Outra versão segue de perto a maldade de Romãozinho, e enquanto a mãe agoniza sob as pancadas do pai, o garoto se ri a repetir 'haja pau, haja pau, haja pau'. Ele então sofre do castigo evocado pela mãe, tornando-se a tal ave monstruosa, que canta agourenta no fundo da mata 'haja pau, haja pau, haja pau.'


quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Flor do Mato

Inadvertidamente o Caipora é, por vezes, tido como a fêmea do Curupira, quando na realidade Caiporas e Curupiras são praticamente o mesmo ser. Todavia, o Curupira tem uma fêmea, a Flor do Mato, mais presente e conhecida na Paraíba. Embora proteja a fauna e flora das matas e florestas, costuma favorecer aos caçadores de subsistência, aos pobres que buscam a próxima refeição. É irritável e mais caprichosa que o Curupira, por isso os caçadores costumam apaziguá-la com presentes (especialmente fumo) que devem ser postos ao pé de certas árvores. Mas, cuidado: ela odeia pimenta.


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Cotaluna

E eis que a Iara não é a única sereia do folclore nacional. Cotaluna é criatura que vive no Rio Gramame, que fica em João Pessoa, PB. No verão é uma sereia que encanta, atrai e mutila banhistas. No inverno surge como mulher alvíssima, de longos cabelos negros, vista costumeiramente caminhando nua nas margens ou banhando-se próxima a estas, buscando atrair os passantes. Afirma-se que quem sobrevive a seu ataque volta sem memória e sem vontade, como se houvesse deixado sua alma com a sereia.


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Vaqueiro Misterioso

Ou Cavaleiro Misterioso - onde houver rodeio, vaquejada, apanha de gado novo, ferra ou batida para campear ele aparece, sempre mal vestido, de montaria velha, fraca e pequena, com aparência cansada. Alvo da zombaria dos demais campeadores e vaqueiros, contudo, é ele quem se destaca e ganha todas as provas, sendo o mais ágil, o mais forte e o mais habilidoso. Recusa as honrarias e prêmios, e desaparece sem deixar rastro. Ninguém o conhece ou sabe seu nome, nem de onde veio ou para onde foi.


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Andurá

A árvore sagrada que se incendeia à noite, e cujo calor tem efeitos curativos. Suas labaredas não destroem e a árvore queima sem cessar. Foi presente de Jaci, a deusa Lua.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Chibamba

Pródigo em bichos-papões, o folclore nacional apresenta mais este exemplar, assombração própria do sul do estado de Minas Gerais. De origem africana, sua representação está diretamente relacionada as danças ritualísticas tribais, pois aparece para as crianças como uma espécie de espectro, rodopiando e dançando com suas folhas de bananeira e chocalhos, além de emitir roncos semelhantes aos de porcos.


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Anhangá

Uma lenda mais que possui versões e interpretações. Seriam demônios, originalmente, capazes de mudar de forma para enganar as pessoas, sequestrá-las e devorá-las. Noutra versão, seria um espírito protetor dos animais, inimigo dos homens portanto, que assume a forma destes, costumeiramente o veado, devorando caçadores. Para os jesuítas, o Anhangá assume a forma do Diabo cristão, um engenho conveniente para catequizar aos índios.


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Boi Vaquim

Eis um exemplar do folclore nacional vindo do sul; animal extremamente selvagem, praticamente impossível de ser montado ou domesticado. Conta-se que seus olhos são de diamante e seus chifres são de ouro.


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Onça Maneta

Predadores de várias espécies que, vez por outra, tomam gosto pela carne humana, já foram documentados. A Onça Maneta parecer ser um dentre estes, tendo surgido sua lenda nos tempos dos Bandeirantes. Afirma-se que teria sobrevivido sem uma das patas dianteiras a um ataque de caçadores. A partir de então, tornou-se imensamente feroz, forte e audaz, atacando e matando rebanhos inteiros; conta-se ser fatal encontrá-la, não importa o quão bem armado se esteja o incauto caçador.


terça-feira, 18 de setembro de 2018

Negrinho do Pastoreio

Triste história do folclore nacional, conta-se que um menino negrinho, escravo, fora incumbido por seu sinhozinho a tratar de uns cavalos, entre eles o Baio, seu preferido. Este acaba fugindo do negrinho que faz de tudo para encontrá-lo, sem sucesso. O sinhozinho manda castigá-lo e o põe novamente em busca do cavalo; mas, depois de algum tempo, o negrinho retorna sem o garanhão. Enfurecido, o sinhozinho manda chibatar o menino e depois o joga sobre um formigueiro para que morra. No dia seguinte, indo a campo, o sinhozinho encontra o negrinho sem nenhum ferimento, montado sobre o cavalo Baio, e tendo sua madrinha a seu lado, Nossa Senhora Aparecida. Alforriado pela santa, o menino parte a galope pelo mundo. Desde então, nas paragens do sul do país, dizem ver ao longe, quase no horizonte, um negrinho montando um cavalo, pastoreando outros tantos.


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Cramunhão de Garrafa

Ou Diadinho na Garrafa, ou Famaliá, ou Capetinha na Garrafa; figura do folclore brasileiro trazida pelos portugueses, guarda semelhança com a lenda do gênio da lâmpada realizador de desejos do extremo oriente. São Cipriano, em seu grimório, ensina a obter e engarrafar um diabinho. Na novela Renascer, José Inocêncio (Antonio Fagundes) ensina Tião Galinha (Osmar Prado) a conseguir seu próprio Cramunhão de Garrafa. Bastava conseguir uma galinha preta e virgem, que numa Sexta-feria Santa deve botar um ovo sobre sua mão; a galinha deve ser degolada e seu sangue espalhado pela casa. Seus restos devem ser enterrados, sem ser consumidos por bicho algum. O ovo, que não deve jamais tocar a terra, precisa ser chocado na axila por 21 dias e 21 noites. Como o Diabo não dá nada de graça, um membro da família de Tião deveria morrer. Quando o diabinho saísse do ovo, deveria ser posto na garrafa, em cuja rolha uma cruz era traçada a faca. Versa-se que o cramunhão sai do ovo como uma gosma negra que no fundo da garrafa se solidifica na forma de um capetinha hediondo. Para alimentá-lo basta algumas gotas de sangue, ou a luz de uma vela em algumas versões. A partir de então, obtido o coisa-ruim, sorte e riqueza contemplariam seu possuidor. Mas, claro, ao fim, sua alma vai para o inferno.


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Unhudo

Ou Unhudo da Pedra Branca, referente a formação rochosa que se localiza na divisa dos municípios de Dois Córregos e Mineiros do Tietê, no interior de São Paulo. Afirma-se que esta assombração, uma espécie de zumbi de unhas proeminentes, vive no local protegendo as árvores frutíferas que por lá proliferam. Ataca os invasores com tapas fortíssimos.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Mão de Cabelo

Conhecido em Minas Gerais, o Mão de Cabelo é um espectro disciplinador, assim como o Bicho Papão e outros semelhantes. Ele costuma visitar as crianças à noite para verificar se urinaram na cama. Representado como um fantasma com mãos cabeludas, a criatura se encarregaria de decepar os genitais das crianças (e não apenas os meninos) que habitualmente molham suas camas.


terça-feira, 11 de setembro de 2018

Juma

Além do nome de uma tribo indígena que praticava o canibalismo, o Juma, ou o Gigante Juma, é esta criatura primata de grande porte que, a exemplo do Mapinguary, habita a região amazônica e é o flagelo dos povos indígenas, a quem devora.


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Cumacanga

Ou Curacanga; uma mulher cujo sétimo filho for do sexo feminino, verá esta pobre criatura tornar-se uma Cumacanga, ou seja, toda noite após a primeira menstruação da moça, sua cabeça lhe sai do corpo e corre os campos em chamas, ou sob a forma de uma bola de fogo. Para evitar-se o fadário, caberá a primogênita ser a madrinha da sétima irmã.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Pé de Garrafa

Ora confundido com o Bicho Homem, esse exemplar ciclópico do folclore nacional é um exímio saltador, deixando um inconfundível rastro de pegadas no formato de um fundo de garrafa. Sua aparência não é consenso, mas parece ser traço comum apenas um olho, apenas uma perna, e ao final desta, um pé em formato de garrafa. Conta-se que persegue pessoas com o fim de lhes aprisionar a alma no interior de seu pé. Seu único ponto fraco é o umbigo.


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Cupendiepes

Entre os índios Apinajés conta-se uma lenda acerca de uma tribo de índios com asas de morcego, que habitavam uma caverna próxima ao rio Araguaia; esta caverna se localizaria próxima a uma formação rochosa, chamada Rocha do Morcego. Lá, alguns índios teriam sido mortos por atacantes que não deixaram rastro. Certa feita um menino testemunhou o que se passara e revelou a sua tribo a existência dos homens morcego. Os Apinajés, então, buscaram atacar a caverna com fogo, o que causou a debandada dos índios alados, que teriam voado para o sul, jamais sendo vistos novamente.


terça-feira, 4 de setembro de 2018

Jurupari

Aqui há uma personagem dividida entre duas versões de sua lenda, tão díspares que é de desconfiar de a segunda não foi uma invenção cristã. Jurupari, na primeira versão da lenda seria uma espécie de Cristo indígena, tendo nascido de Ceuci, uma virgem; ele é chamado de Legislador por haver causado uma revolução nas leis e costumes dos índios. Quando os jesuítas chegaram, seu culto era forte em território nacional - aí surge a segunda versão da lenda (não se sabe se criada por estes ou pré-existente a chegada dos europeus), onde Jurupari seria uma espécie de Diabo, ou mesmo a encarnação do próprio Mal. Não é preciso concluir que os sacerdotes católicos preferiram a segunda e buscaram popularizá-la, afinal, um Cristo indígena não lhes cabia a visão de mundo.


Boca de Ouro

Pobre do cidadão recifense que, saindo da balada pelas tantas da madrugada, se não é violentamente espancado pela Perna Cabeluda, acaba admoestado pelo Boca de Ouro. Parece um cidadão comum, elegantemente trajado com seu terno branco e chapéu Panamá, que interpela o passante acerca da posse de fogo para o seu cigarro. A luz pouca de tais horas, demora para o pobre diabo ver-se diante de um sujeito de crânio descarnado de dentes dourados, que o perseguirá em busca de um isqueiro ou fósforo. É uma assombração bastante popular no nordeste do Brasil, e não apenas em Recife.


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Icamiabas

A lendária tribo indígena amazônica composta apenas por mulheres teria, quando o conquistador espanhol Francisco de Orellana desceu o rio Amazonas pelos Andes, derrotado seu exército de maneira espetacular. Este feito fora transmitido ao rei de Espanha que, recordando das amazonas gregas, batizou o rio, o que mais tarde deu nome a floresta e ao estado brasileiro do Amazonas. Sua lenda é parte dos anais do folclore nacional, e embora não tenham sido encontradas ainda, estima-se haver cerca de setenta tribo indígenas ainda não catalogadas vivendo na Amazonia; talvez elas estejam por lá.