Zumbilândia 2 – Um pouco mais do mesmo? Claro, por
que não? Ao que parece os filmes de zumbi, inclusos aí as séries, games,
quadrinhos e tudo o mais, são um fetiche do mundo moderno, ou só dos EUA que
curte essa pegada milenarista e sobreviventista que remete a época da Guerra
Fria. Pro povo abaixo do equador é só farra, e uma aventura mais de Woody
Harrelson e sua trupe de sobreviventes de um apocalipse zumbi não faz nenhum
mal – muito pelo contrário: tem o adendo bem-vindo de Rosário Dawson, e de um
sem número de situações absurdas que bem poderia ocorrer num mundo
hipoteticamente dominado por uma praga zumbi. Não falou de ninguém, chega pra
somar e expande o que se viu no primeiro filme; vale até a pipoca.
Frozen 2 – Prosseguindo nesta toada das continuações,
Elsa e sua irmã Ana ressurgem para... para quê mesmo? A exemplo do sentido
quando diante de Toy Story 4, Frozen 2 exorta emoções contraditórias – ora é
divertido, principalmente com o alívio cômico de Olaf, ora é tedioso,
prolongado e sem função. Para que criaram essa continuação? Dinheiro, claro!
Mas pesou o compromisso da continuação, principalmente diante do volume
superlativo e fenomênico da primeira aventura da rainha do gelo e sua trupe.
Elsa adquire uma figura ainda mais diáfana e etérea, quase uma força da
natureza personificada, mas a história se perde entre ires e vires e revelações
que acabam pouco importando. É um filme que tanto faz. Espero que jamais façam
uma continuação de Moana.
Malévola 2 – Difícil desgostar de Angelina Jolie, o
zênite da beleza atual. Menos ainda em sua forma alada como a feiticeira que se
mostrou boa, lá no fundo; o primeiro filme tinha uma razão clara ao mostrar o
que seria a versão real para a lenda d’A Bela Adormecida. Já tal continuação
parece fora de lugar, com um fio de história que poderia ter dado muito mais
filme do que o que se realizou. Ao fim e ao cabo, Malévola se mostra a
encarnação da própria Fênix, a ave legendária capaz de renascer das próprias
cinzas, personificando uma espécie de messias do seu povo, que até então não
havia dado as caras. Entre essa relutância por abraçar uma causa que não parece
sua, e evitar que a afilhada com catalepsia contraia matrimônio com o filho de
Michelle Pfeiffer, rainha ruim paca, Malévola parece perdida e o espectador
idem. Filme esquecível.
Ford x Ferrari – James Mangold conta com minha
total antipatia dado o que fez com Wolverine; mas aqui, longe dos super-heróis,
ele se sai melhor. E bem melhor. Não é um filme perfeito e irrepreensível, mas
mantem um ritmo constante e cativante, prendendo tanto mais por ser uma
história que lida com aspectos reais, tais quais o embate de duas das mais singulares
e bem-sucedidas montadores de veículos de todos os tempos, quanto pelas
atuações complementares de Matt Damon e Christian Bale. Os clichês estão todos
em seus devidos lugares – há o adulador oportunista, o idealista prodígio, o
administrador diplomático, os tubarões da indústria alienados da realidade por
suas fortunas e famas, enfim, nada que destoe de uma história dramatizada para
caber na fórmula fílmica. Ficou redondinho. Mas é James Mangold...
Um Lindo Dia na Vizinhança – Fred Rogers foi um
pedagogo e apresentador de programas infanto-juvenis americano, e neste filme é
interpretado por Tom Hanks numa atuação excelente. Mas nem de longe é uma
biografia do sujeito – na realidade, ao ser incumbido de fazer um perfil deste
um jornalista tem sua vida revirada. As camadas de interpretação de Hanks
apenas provam merecida sua indicação ao Oscar e, desculpe Joaquin Phoenix, mas
deveria ter levado. Fred Rogers parece um personagem, uma figura montada cujo
cinismo do jornalista faz farejar histórias escabrosas acerca deste, mas, ledo
engano – positivamente humano, solidário e solícito, Rogers vagarosamente
descontrói os traumas de Lloyd Vogel ajudando-o a se reconstruir em sua melhor
versão, para perdoar o pai, amá-lo e a todos de sua família. A cena no
restaurante em que Rogers pede a Vogel que faça um minuto de silêncio para
pensar em todas as pessoas que já o amaram em sua vida é, certamente, a quebra
de quarta parede mais linda que já vi, e uma prova mais do talento colossal de
Tom Hanks. Um filme cativante, lindo e necessário.
Star Wars IX – Rey é neta do imperador Palpatine,
que até então estava morto desde O Retorno de Jedi; grande revelação? Nhééé...
fiquei me perguntando quem seria o filho deste, já que nem sabia que existia.
Então, de alguma forma vivo e atuante, o sujeito tramara o retorno de seu
império do terror, para uma vez mais ser sobrepujado pelo lado bom da Força.
Esse povo não cansa desse maniqueísmo todo, desse embate exaustivo do bem
contra o mal? Problema maior que as peças deste tabuleiro galáctico são sempre
as mesmas, senão as principais, seus descendentes. Enfadonho até a alma, e nem
o velho time parece capaz de tirar leite de pedra numa história que já caducou
há duas gerações, ou mais. Espero apenas que os envolvidos consigam fazer uma
carreira decente depois de tal desastre.
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