A Forma da Água - Deram um Oscar
a esse filme; pior para a premiação que fica cada dia menos prestigiosa e menos
prestigiada. Guillermo del Toro merece um Oscar por O Labirinto do Fauno, mas
jamais por esse filme. O tom de fábula não se sustenta, e a estética chupada de
Jean-Pierre Jeunet beira o pastiche! Causa uma certa vergonha alheia a
jactância do diretor em lançar algo de tal espécie, uma releitura pretensiosa
de O Monstro da Lagoa Negra misturado a Splash! Uma Sereia em Minha
Vida. Só não é menor a vergonha tendo em vista as análises dos críticos -
uma adulação sem medida a um filminho bem aquém do que o diretor é capaz..
Birdman ou A Inesperada Virtude
da Ignorância - Tiraram o Oscar de Michael Keaton e o deram a Eddie Redmayne;
chega a ser preguiçoso ganhar por interpretar alguém com a degeneração física a
que Stephen Hawking fora submetido por décadas de sua existência, graças a ELA.
Michael Keaton oferta camadas e mais camadas interpretativas de um papel que, a
bem da verdade, soa como uma metáfora de sua própria carreira. Alejandro
Iñárritu merecia um prêmio apenas pela escalação de elenco - todos
inspiradíssimos ao interpretar pessoas envolvidas com a realização de uma peça,
filmado num plano sequência imersivo sem igual. Filme inesquecível.
Aves de Rapina: Arlequina e sua
Emancipação Fantabulosa - Margot Robbie tem tanta fisicalidade neste filme que
em certas tomadas parece um menino com uma peruca da Xuxa, dos tempos em que
ela era a Rainha dos Baixinhos. Há essa mão pesada da bandeira feminista que
insiste em torná-la menos sexual - resulta numa androginia vista principalmente
nas cenas de ação, executadas pela atriz em grande parte. Além disto, o filme é
genérico e aparentado de Esquadrão Suicida, o que é já um grande demérito, que
apenas se acentua tendo em vista o recente Coringa. Numa tarde de chuva,
isolado pela pandemia, sem ter muito mais o que fazer, é uma opção inócua que
vale pela pipoca.
X-Men Fênix Negra - A Fox é um
caso de amor é ódio; amor por que trouxe os dois primeiros filmes dos X-Men, lá
no começo do século - e ódio por que não soube muito bem o que fazer com eles
depois disso. Quase se refez com X-Men Primeira Classe, mas acabou pondo tudo a
perder em seguida. A trilogia do Wolverine, então, é nada menos que grotesca.
X-Men Fênix Negra é aquele prego que entrou fácil pra fechar o tampa do caixão
da franquia. Tentando fazer uma adaptação decente da saga da Fênix Negra, algo
que fora tentado em X-Men O Confronto Final, este filme tem ainda os mesmos vícios
dos anteriores, o que já o faz comprometido desde o primeiro segundo. Um fim
triste para essa franquia, infelizmente.
Jojo Rabbit - Thor Ragnarok é tão
colorido e divertido quanto Guardiões da Galáxia vol. II; se o que os iguala
também é o humor, o que os distingue é todo o resto. A terceira aventura do
Deus do Trovão traz um tom mais arejado ao personagem e seu universo, enquanto
a segunda aventura de Peter Quill e sua trupe é apelativa e galhofeira em
diversos momentos. Por isso esperava algo maravilhoso de Jojo Rabbit, dirigido
pelo mesmo Taika Waitit de Thor. Mas a saga de maturidade de um garoto alemão
em pleno regime nazista é de dar sono. O humor não vem quando deveria, e o
drama vivido pela protagonista não empolga, não sensibiliza e demora a engrenar
- o filme parece ter cinco horas mais ou menos. Enfadonho e desnecessário.
O Exterminador do Futuro Destino
Sombrio - Alguém pare essa franquia, por favor! A ressurreição de Sarah Connor
não poderia ser mais humilhante para Linda Hamilton senão quando divide a cena
com Mackenzie Davis. O problema da viagem no tempo está todo ele exposto nesta
saga. Quando a tecnologia para tanto se vulgariza, qualquer situação é
possível, e a lógica salta pela janela. De Volta para o Futuro é o que é por
que havia senão um capacitor de fluxo, e apenas um homem capaz de o conceber.
Quando o Delorian caiu em mãos erradas, Biff fez um futuro a seu gosto. Mas
quem a lição aprendeu? Exterminador do Futuro é esse atentado ao bom senso, que
macula o bom gosto e a paciência do expectador. A história aqui? Quem se
importa? É aquele velho clichê de sempre - absolutamente esquecível, menos por
Mackenzie Davis, a única que sai ilesa.
Ameaça Profunda - As
profundidades oceânicas da Terra me são mais instigantes do que aquilo que se
esconde no espaço profundo; provavelmente porque a ameaça está aqui ao lado,
embora pareça completamente alienígena. No entanto, não há filme que consiga
emular o efeito do filme Alien, e este se esforça, mas acaba genérico. Um a um,
todos vão morrendo e alguém se salva no final, ainda pondo fim a ameaça. Básico
e ao rés do solo - esquecível.
Parasita - filmes que nos deixam
a beira da poltrona, presos pela tensão de um clímax que desde o início se
anuncia trágico - eis Parasita. Leituras mil foram feitas já deste filme, desde
seu apuro técnico exemplar e irretocável, até a metáfora da história que conta,
da dicotomia entre ricos e pobres, dos abismos sociais, etc. Fato é que a
família pobre que busca meios, nem sempre honestos, de sobrevivência frente a família
rica que poderia ser mais inteligente, esperta e empática cria um baile de
máscaras em que a verdade é sempre feia, grotesca e eminentemente humana. O
filme é um tapa na cara e um murro no estômago ao mesmo tempo. Sublime.
Dunkirk - Christopher Nolan
dirige um filme de guerra que nem mesmo parece seu; as explicações excessivas
dão espaço as explicações necessárias e só. O resto é cena de ação, nem sempre
com o resultado mais empolgante do mundo, entremeado pela recriação da
evacuação de mais de 300.000 soldados britânicos do norte da França,
encurralados por uma divisão panzer alemã, durante a Segunda Grande Guerra
Mundial. Linhas narrativas paralelas se convergem em certo momento, com um
resultado apenas morno. Outro filme do Nolan que não me fez a menor diferença.
Próximo.
1917 - Dois soldados britânicos
precisam atravessar a França tomada por alemães durante a Primeira Grande
Guerra Mundial, a fim de evitar um ataque de suas tropas que pode comprometer
mais de 1600 vidas, poupando assim o irmão de um deles. Num plano sequência
muito bem feito, o diretor Sam Mendes conta esta história que teria sido
baseada em fatos reais, passados com seu avô. Independentemente deste fato, a
obra não me conquistou - todo o esmero está lá, em cada frame digital, na recriação
de época, no drama humano em meio a guerra, mas talvez o filme me haja
encontrado sem o espírito preparado para o que propunha. Achei tão morno quanto
a obra do Nolan.
2 comentários:
A forma da água achei uma tosquice sem fim, um Splash com Free Willy de dar dó, especialmente quando notamos, de fato, a pérola que é O Labirinto do Fauno. E o que é aquela cena do anfíbio dançando, aff, que porcaria.
Birdman, quando assisti, achei muito bom, mas pouco lembro dele agora. Preciso rever.
Jojo Rabbit: esperava muito desse filme. A premissa de Hitler como uma espécie de amigo imaginário é maravilhosa. Nas mãos de um melhor roteirista, isso é o que seria bem aproveitado e desenvolvido. Foi isso que esperei o filme inteiro, e a maior parte dessas cenas é o que de melhor há no filme. Encontraríamos espaço para um certo humor desafiador, ainda mais politicamente incorreto (que é o termo da moda), e a influência de Hitler no psicológico do menino à medida em que crescia poderia mudar o tom do filme, no começo de um humor pueril, para, após, um drama bastante sombrio e carregado. Mas chega a um ponto em que o filme simplesmente vira uma película genérica da Segunda Guerra Mundial, narrativa que você já viu no cinema um milhão de vezes. Meio chulé esse filme.
Parasita gostei e não gostei. A história é muito boa, muito mesmo, a tensão é exemplar, fiquei sem piscar em todas as cenas. Até a metade achei ótimo. Metade para frente achei de uma falta de verossimilhança atroz. A ideia de bunker achei meia-boca, e aquela patifaria de correr pra cima e pra baixo para não serem descobertos pelos patrões, com surras escandalosas e performáticas simplesmente não me convenceram. Acho meio excessivo o estilo do diretor, haja vista O Expresso do Amanhã e Okja. É tudo muito. Pensei faltar uma sutileza ainda maior, mas, ainda assim, é um grande filme digno de Oscar. Verifiquei a maior parte das críticas e pelo jeito sou só eu que não achei a sétima maravilha do mundo.
Aos demais filmes ainda não assisti.
Gosto de suas análises cinematográficas!
Abração, primo! E cadê sua nova HQ????
Oi primo!
Filmes orientais contam com um certo exagero, e Parasita não é diferente de outras obras que vi, deste e de outros diretores, tanto coreanos quanto japoneses. Assistir tais filmes com isso em mente ajuda na suspensão da descrença e a experiência se torna prazerosa. A ideia do bunker foi justificada, e dentro do contexto sul-coreano faz todo sentido - não é diferente de alguns filmes americanos da época da Guerra Fria, onde era fácil encontrar residências com porões ou bunkers equipados para enfrentar o isolamento decorrente de ataques nucleares. Você não gostou de Parasita? Não tem nada - eu abomino Matrix, e acho Vingadores Ultimato o pior filme já feito; mas todo mundo acha essas duas obras magníficas.
HQ? Até sai, mas sem publicação prevista; produção independente? Menos! É preciso muito dinheiro pra pouco retorno. Quiser lhe mando as páginas prontas ora que estiver tudo escaneado pra você ler.
Abraços! Beijos na esposa e na filhinha!
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