sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Cinema em poucas linhas #5

O Homem que Inventou o Natal - Charles Dickens foi um canalha conjugal; qualquer biografia dele não pode deixar de abordar sua atitude ao abandonar a esposa após 22 dois anos de casamento e dez filhos. Mas, aqui, sua vida é abordada num recorte cirúrgico, evitando mostrar essa faceta desairosa do autor de Um Conto de Natal. E justamente o período que resulta nesta obra imortal é abordado no filme - entre bloqueios criativos, críticas, incapacidade de gerenciar a vida financeira da família e os dissabores com o pai, o escritor busca desesperadamente uma nova história que o leve de retorno a bonança do passado. A película se encerra com a costumeira positividade e otimismo dos filmes natalinos, em nada prenunciando o futuro sombrio da família. Mas, ainda assim, é bem feito e belo.

A pé ele não vai longe - o título parece uma piada de humor duvidoso quando o expectador da conta do destino da protagonista, interpretado por Joaquin Phoenix - alcoólatra, acaba envolvido num acidente de carro que o deixa paraplégico. John Callaghan de fato existiu e sua história é contada nesta cinebiografia dramática de humor ácido. Para os padrões das biografias abordadas pelo cinema, este filme é uma obra estranha, de ritmo lento e incapaz de despertar o interesse para onde a narrativa se encaminha. O dramalhão do cartunista confinado numa cadeira de rodas, e sua lenta saída do vício do álcool é menos interessante que seus cartuns.

Predadores Assassinos - todo predador é assassino, ao menos da espécie que ele preda para poder se sustentar. Em se tratando de crocodilos, o cardápio é bastante variado, e uma filha e seu pai presos num porão prestes a ser inundado por um furacão estão na lista de pratos. A produção é bastante esforçada e os atores idem, mas a história é bastante genérica, talvez causando mais pungentes reações do público se visto numa tela de cinema. Em casa não passa de um sessão fria de cinema, desses filmes que ninguém se importa de perder uma parte para ir ao banheiro ou estourar mais um balde de pipoca.

Rainhas do Crime - Três esposas de mafiosos irlandeses têm de assumir os negócios da família quando estes são presos - entre percalços e sucessos, a trinca de protagonistas subverte o típico filme de máfia numa obra que se propõe empoderadora do gênero feminino; e, pra sorte do expectador, ainda oferta uma experiência fílmica interessante, bem construída e com Melissa McCarthy deixando a comédia de lado para entregar uma atuação cheia de nuances e força. Gostei bastante.

Toy Story 4 - É Pixar! É bem feito que só, mas ao final da projeção aquela sensação de perda de tempo não deixa o pensamento. Toy Story constitui uma das trilogias mais redondinhas do cinema, mesmo dentre os filmes que não são animações. A saga dos brinquedos de Andy se encerrou tão magistralmente que seria preciso muita inventividade para dar sobrevida ao que fora mostrado até então - e isto faltou em algum ponto; é como se Toy Story 4 pudesse ser contado num curta-metragem sem prejuízo a ninguém, principalmente a história, cujas reviravoltas mais cansaram do que encantaram. Um quinto filme seria ainda mais inútil.

John Wick 3 Parabellum - Deu uma certa estafa este terceiro capítulo da saga do assassino que se vê em apuros depois de tentar vingar a morte de seu cão, e reaver o carro que lhe roubaram. Parece um filme que, a bem da verdade, poderia ser um primeiro ato de, aí sim, o terceiro capítulo da história - é tanta pancadaria e cena de ação que a mítica desta organização criminosa que parece dominar o mundo, sendo uma espécie de sociedade secreta (mais ou menos) paralela, pouco desenvolveu-se. E isto é tão verdade que o líder da mesma vive como um beduíno numa tenda no deserto; de minha parte, espera mais do que isto, e muito mais do filme todo.

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